Realidade

Segundo dia de Connex aborda exemplos de como construir a paz

Nos painéis do Connex 2024, a trajetória das políticas que mudaram a criminalidade em Medellín e em Pelotas

Nauro Jr - Especial - DP - General Naranjo diz que o Pacto pela Paz é um exemplo de êxito para o mundo

Com olhos e ouvidos atentos, espectadores do Connex 2024 tiveram a manhã desta quinta-feira (14) para conhecer as experiências de quem trabalha na construção da paz. Nos painéis da manhã, houve uma explanação de experiências sobre políticas de combate à criminalidade e prevenção à violência entre países da América Latina e das cidades em que o Instituto Cidade Segura atuou, entre eles, Pelotas e o Pacto pela Paz.

Na primeira intervenção, que teve como tema: Caminhos para constituição de uma política pública de segurança e prevenção às violências, a comitiva da Colômbia falou sobre boas práticas em municípios da América Latina. Entre os painelistas, Óscar Escobar, ex-prefeito da cidade de Palmira, representando a Rede Peace in Our Cities, Santiago Uribe, da ONG Medellín Resiliente e Flávia Carbonari, Consultora Bando de Desenvolvimento Internacional (BID).

"Vocês (de Pelotas) são o futuro do mundo, ou seja, cidades pequenas e médias que se propõem a criar novas transformações, são os protagonistas", disse Uribe em entrevista ao Diário Popular. O exemplo do Município, no qual ele disse que conhecia muito pouco, o lembrou de Medellín que era uma cidade mediana que buscou a transformação. "Nós estamos aqui para compartilhar o que foi feito em Medellín, mas esta não pode ser feita em Pelotas. Vocês têm que encontrar inspiração para buscar sua própria estratégia, metodologia, seus próprios agentes e liderança para construir uma solução e que Pelotas se sinta pertencente a ela", observou. Para o consultor, se Medellín, a mais perigosa cidade do mundo, mudou, qualquer cidade pode alcançar uma transformação.

Na sua visão, o desafio também está em manter baixos os indicadores e Uribe aposta em inclusão social. "Você não pode combater o crime só com a força pública, a polícia e com os agentes de segurança. Você procura uma estratégia muito mais complexa integrada de atendimento. Só quando se consegue a ocupação e a proteção dos jovens e crianças, com trabalho, atividades culturais, esportivas, a partir do desenvolvimento econômico do local que possa oferecer oportunidades, você pode falar em uma estratégia de longo prazo".

Na plateia, estava o general e ex-vice presidente da Colômbia, Óscar Naranjo, que assistiu toda a explanação sobre os números do Programa Pacto pela Paz, apresentado pela prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) e pelos consultores do Instituto Cidade Segura, Alberto Koppitke e Tâmara Biolo Soares. Naranjo foi considerado o melhor policial do mundo por ficar por anos no cerco ao traficante Pablo Escobar, recebendo, inclusive, uma coroa de flores fúnebres. Além de ser o principal responsável pela prisão e morte de El Patron, o general também foi responsável por um longo trabalho de combate aos cartéis do tráfico, até pacificar o território. Para a reportagem, Óscar Naranjo disse que a manutenção de um território de paz se faz com uma cidade ativa e participante, com a fiscalização das autoridades para identificar onde está o crime. "Por outro lado, tem que ter algo político, ter articulação das distintas instituições de segurança, da polícia e da justiça em trabalhar não somente na percepção do crime, mas na prevenção deles." Sobre o Pacto pela Paz, Óscar Naranjo disse que é um exemplo de êxito para o mundo.

Mediação e muito esforço

Neste painel, a prefeita Paula mostrou os indicadores da criminalidade (publicados na edição de quarta-feira) e abriu ao público as dificuldades e temores que teve no início da jornada, até mesmo em assinar compromisso de redução da criminalidade em 50% sem saber se iria conseguir. "Bom, passamos dos 70%", comemorou. Mas os elogios ao programa vieram do consultor do Instituto Cidade Segura, Alberto Koppitke.

Responsável por implementar programas em outras cidades do país, ele lembrou que Pelotas não tinha dinheiro para investir, com Brigada Militar sem dinheiro para combustível e a Guarda Municipal com duas ou três viaturas. "Mas fomos estudando os horários, colocando viatura e, no primeiro mês, já reduzimos os indicadores", ressaltou. Com dificuldades de implementar mudanças de metodologias, principalmente nas áreas de Educação e Assistência Social, o Instituto venceu a resistência através do diálogo e do convencimento que era preciso aplicar e experimentar. "Se não der certo, vamos mudar." E foi o que aconteceu com os homicídios, que em 2018 ainda foram elevados. Das questões pontuadas, entraram a realização de poucos julgamentos, o que foi solucionado com a criação de mais uma vara e a realização de 400 sessões em um ano. Mas a redução só ocorreu quando o Pacto resolveu colocar em prática a dissuasão focada, a evidência mais potente do mundo, na opinião de Koppitke. O método usado foi de ações de aplicação de lei, com a notificações de líderes de facção a cada crime cometido na cidade. "No mês seguinte ao lançamento do Pacto os indicadores começaram a reduzir", disse o consultor. Para os painelistas, o mais importante do trabalho do Instituto Cidade Segura foi saber que após o trabalho concluído, o Pacto pela Paz segue dando bons exemplos de boas práticas na Segurança Pública de Pelotas.

O Connex 2024 segue hoje com a palestra do jornalista, escritor e apresentador da Rede Globo, Caco Barcellos, às 10h45min, no Clube Caixeiral, seguido de painel.

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